Lembro de ter lido uma vez que algumas pessoas utilizam a linguagem para esconder o pensamento, mas, na minha experiência, a maior parte delas a utiliza no lugar do pensamento.
Uma conversa entre empresários deveria ser regulada por regras mais simples e menos numerosas do que aquelas aplicáveis a qualquer outra função do animal humano. São elas:
1. Ter algo a dizer.
2. Dizer.
3. Parar de falar.
Começar a falar antes de saber o que se quer dizer e continuar falando após ter dito normalmente leva o comerciante à justiça ou à indigência, e a primeira é um atalho para a segunda. Minha empresa tem um departamento jurídico que custa muito dinheiro, mas que serve justamente para me manter longe da justiça.
Tudo bem quando se está convidando uma garota para sair ou jogando conversa fora com os amigos após o jantar, como num passeio de domingo com direito a paradas para colher flores. No escritório, porém, a frase deve ser a menor distância possível entre dois pontos finais. Elimine a introdução e o epílogo, e encerre antes de chegar ao segundo. Para surpreender os pecadores, faça sermões breves; os diáconos já não creem que eles mesmo precisem dos longos. Dê aos tolos a primeira e às mulheres a última palavra. O presunto está sempre no meio do sanduíche, mas é claro que um pouco de manteiga não faz mal, desde que a iguaria se destine a um homem que goste de manteiga.
Lembre-se também que é mais fácil parecer sábio do que transmitir sabedoria. Fale menos que o seu interlocutor e escute mais do que fala, pois quando um homem ouve ele não denuncia a si próprio, ao mesmo tempo em que lisonjeia o camarada que o faz. Dê à maioria dos homens uma boa dose de atenção e à maioria das mulheres papel suficiente – e eles contarão tudo o que sabem. O dinheiro fala, mas só quando o seu dono tem a língua solta e, neste caso, sua intervenção será sempre ofensiva. A pobreza também fala, mas ninguém está interessado no que ela tem a dizer.